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Depois de várias rondas emocionantes nas regiões da Europa/Médio Oriente/África (EMEA) e das Américas, tinha chegado a hora da terceira Final Regional, desta feita dedicada à região da Ásia/Oceânia. Muitos previram que esta seria a mais competitiva de todas as finais já que todos os 16 participantes tinham hipóteses de vencer o japonês Takuma Miyazono, o campeão do World Tour 2020 – Sydney, e avançar para a Final Mundial de 2020. Tal como aconteceu nas regiões EMEA e Américas, os pilotos participaram por vídeo, com 10 concorrentes oriundos do Japão, três da Austrália (incluindo Emily Jones, a primeira mulher a competir num evento regional), um da Nova Zelândia e dois de Hong Kong.

O formato dos FIA GT Championships 2020 foi revisto, sendo agora composto por três grandes regiões (Ásia/Oceânia, Américas e EMEA), cada uma delas com 16 participantes, selecionados a partir dos 12 melhores pilotos de cada região e juntando-lhes quatro jogadores adicionais que conquistaram o seu posto através do Contrarrelógio da Fase Extra. Os participantes competiram em três corridas, com a grelha de partida de cada uma delas a ser determinada por uma ronda de qualificação de 10 minutos, e com pontos atribuídos aos 10 primeiros classificados de cada corrida.

Com o japonês Takuma Miyazono tendo já garantido o seu lugar na Final Mundial, apenas três jogadores avançariam a partir da final da Ásia/Oceânia. (Nota: oito pilotos da região EMEA e quatro da região das Américas avançaram para a Final Mundial.) E foi com esta pressão adicional em mente que os pilotos avançaram para a grelha de partida da primeira corrida do dia.

Corrida 1

Tal como esperado, esta prova não seria um passeio para o japonês Takuma Miyazono (Kerokkuma_ej20), que conquistou a pole position para a Corrida 1, no Red Bull Ring, mas com uma pequena vantagem face ao compatriota Ryota Kokubun (Akagi_1942mi). Nesta prova de nove voltas ao volante de bólides de rally do Gr.B, todos os carros estariam equipados com pneus duros durante toda a corrida (não existiriam paragens para mudanças de pneus nem reabastecimento). Atrás do Peugeot RCZ de Kokubun e do Honda NSX de Miyazono encontrava-se o Peugeot RCZ do australiano Cody Nikola Latkovski (Nik_Makozi) e o Toyota 86 do japonês Kanata Kawakami (SG_Kawakana). Na grelha de partida encontravam-se apenas 15 carros porque um dos favoritos, o japonês Tomoaki Yamanaka, viu-se incapaz de participar na primeira corrida devido a problemas técnicos, apesar de ter alcançado o segundo melhor tempo da qualificação.

Após o arranque, os pilotos demonstraram cautela inicial, com os nervos ainda à flor da pele, mas ao mesmo tempo demonstraram vontade de colocar os seus pneus à temperatura ideal antes de arriscarem qualquer manobra. Chegados à volta 2, parecia que a liderança da corrida seria disputada a dois, com a dupla de pilotos na frente a destacar-se dos restantes. A meio da volta, as emoções estavam ao rubro a meio da classificação, com apenas um segundo a separar a 6ª da 11ª posição. A australiana Emily Jones (emreeree) encontrava-se à frente com o seu Toyota 86, mostrando a todos que era perfeitamente capaz de fazer frente aos pilotos masculinos.

A meio da prova, Miyazono e Kokubun seguiam à frente com uma vantagem de 1,5 segundos sobre o terceiro classificado, Latkovski, que tinha uma diferença semelhante para o quarto classificado, Kawakami, que por sua vez era seguido pelo neozelandês Matthew McEwen (AE_McEwen) ao volante de um Nissan GT-R.

Na volta 6, McEwen tentou ultrapassar Kawakami enquanto ambos se encontravam lado a lado na curva 5, mas o piloto japonês aguentou a posição com firmeza e fechou a porta à tentativa do neozelandês. Entretanto, Jones já tinha deixado dois carros passar por si, permitindo que a dupla japonesa de Shunsuke Imamura (DOJO_Racing_Shun) e Takuma Morita (hide250sp) conquistasse a sexta e a sétima posição, respetivamente. No início da volta 7, Kokubun, que tinha estado colado ao para-choques traseiro do NSX de Miyazono, começou a preparar a ultrapassagem, enquanto que McEwen fazia o mesmo a Kawakami.

No início da volta 8, era agora ou nunca para Kokubun, que encetou a manobra na curva 2, travando mais tarde que Miyazono no cotovelo e ultrapassando-o por dentro. Mas Miyazono não tardou em responder e alinhou o seu NSX com o RCZ de Kokubun e recuperou a liderança na próxima curva.

Os dois carros permaneceram colados até à curva 2 da última volta. Mais uma vez, Kokubun colocou-se por dentro numa manobra tirada a papel químico da sua anterior ultrapassagem; contudo, desta vez o NSX de Miyazono deslizou demais na curva 3, e permitiu a Kokubun responder. O RCZ e o NSX permaneceram lado a lado nas curvas seguintes, sem que nenhum dos pilotos cedesse um centímetro, mas Kokubun parecia estar com mais vontade, chegando-se à frente na curva final da corrida. A sua mestria ao volante valeu-lhe a vitória na Corrida 1, e provou que Kokobun era uma séria ameaça ao campeão Miyazono. Exibindo a sua consistência habitual, Latkovski ficou em terceiro, enquanto que McEwen e Kawakami, em quarto e quinto respetivamente, compuseram o restante top 5.

Corrida 2

A segunda corrida do dia era um sprint de sete voltas em torno do desafiante Mount Panorama Motor Racing Circuit com carros de corrida do Gr.3 (de novo com pneus duros durante toda a corrida). Tal como referimos anteriormente, a grelha de partida de todas as corridas ficou determinada por uma sessão de qualificação de 10 minutos, por isso todos os pilotos começavam da estaca zero, incluindo o japonês Tomoaki Yamanaka, que conseguiu resolver os seus problemas técnicos e qualificou-se na sétima posição. No topo da grelha encontravam-se os já habituais Ryota Kokubun (Japão) e o seu Chevrolet Corvette na pole, Cody Nikola Latkovski (Austrália) em segundo com o seu Volkswagen GTI VGT e o japonês Takuma Miyazono (Aston Martin V12 Vantage) a arrancar em terceiro.

Kokubun parecia determinado em distanciar-se logo no arranque, acumulando uma vantagem de mais de um segundo para o segundo classificado, Latkovski, a meio da primeira volta. O Hyundai Genesis de Shunsuke Imamura (Japão) também estava a dar boa conta de si e ultrapassou o Dodger Viper SRT de Matthew McEwen (Nova Zelândia) para chegar ao quarto lugar.

No início da volta 2, Miyazono entrou no cone de aspiração do GTI VGT de Latkovski na reta da meta, ultrapassando-o e subindo ao segundo lugar. O campeão em título parecia decidido a vingar-se de Kokubun e do seu Corvette. Com os carros a atingirem os 280 km/h nas retas, Latkovski debateu-se com o controlo do seu Volkswagen GTI VGT na secção de montanha sinuosa da pista, o que ajudou Imamura e McEwen a aproximarem-se do australiano.

No ponto intermédio da corrida, Kokubun parecia imparável, acumulando uma vantagem de 1,6 segundos para Miyazono, que por sua vez se encontrava 1,0 segundos à frente de Latkovski no terceiro lugar.

Na volta 4, Yamanaka levou o seu Lexus RC F a passar por McEwen no quinto lugar, mas perdeu a posição de volta para o Dodge Viper na reta seguinte. Este confronto permitiu a aproximação do Volkswagen Beetle de Shogo Yoshida (Japão) e do Jaguar F-Type do seu compatriota Kanata Kawakami, criando um confronto a quatro pela quinta posição.

Com apenas três pilotos (e Miyazono) a avançarem para a Final Mundial, todas as posições e todos os pontos eram vitais, e parecia óbvio que os pilotos sabiam o que se encontrava em jogo.

Ao longo da volta 6, Imamura fez os possíveis para pressionar Latkovski e levá-lo a cometer um erro ao encostar o seu Genesis à traseira do Volkswagen, mas o australiano não cedeu e manteve o seu carro na linha, sem deixar que o piloto japonês levasse a melhor. Imamura deu tudo por tudo na última volta, passando Latkovski por momentos na reta, mas o seu Hyundai Genesis entrou com demasiada velocidade na curva seguinte e saiu de pista. Felizmente para Imamura, o japonês conseguiu recuperar o controlo e regressar à pista sem perder nenhuma posição, mas as esperanças de terminar em terceiro ficaram desfeitas.

Ao cair da bandeira axadrezada, foi Kokubun o primeiro a cruzar a meta, fruto de mais um desempenho brilhante, levando a melhor sobre Miyazono na segunda posição ao longo de toda a corrida. Em terceiro ficou Latkovski, seguido por Imamura em quarto.

Grande Final

Apesar do japonês Ryota Kokubun entrar na Grande Final com o máximo de 24 pontos, tal como vimos nos campeonatos de outras regiões, nenhuma vantagem é completamente segura porque a última corrida do dia valia pontos a dobrar. Na pole position desta importante corrida de 27 voltas no Fuji International Speedway encontrava-se o japonês Ryota Kokubun, seguido por um trio de compatriotas: Takuma Miyazono, Tomoaki Yamanaka e Shogo Yoshida. Tal como nas outras corridas da Grande Final, o carro em destaque era o potente Red Bull X2019 Competition. E, ao contrário do que aconteceu nas outras duas corridas do dia, os pilotos teriam a necessidade de efetuar pelo menos uma volta com cada tipo de pneus (suaves, médios e duros) e de reabastecer, o que significava que a estratégia nas boxes teria um impacto vital no resultado.

Antes do arranque em movimento, Kokubun já tinha surpreendido ao optar pelos pneus médios, enquanto que Miyazono, Yamanaka e Yoshida arrancaram com suaves. E quando a corrida começou, Miyazono e Yamanaka atacaram Kokubun de imediato, com os três pilotos lado a lado na primeira curva. Yamanaka saiu da curva primeiro, seguido por Kokubun e Miyazono. Devido à ausência na primeira corrida e pelo facto de ter conseguido apenas seis pontos na segunda prova, Yamanaka precisava de uma boa posição final para ter hipótese de se qualificar para a Final Mundial, por isso estava desesperado, e isso era visível. Entretanto, o australiano Cody Nikola Latkovski e o neozelandês Matthew McEwen permaneceram colados à traseira de Yoshida, na tentativa de separar o quarteto japonês na frente. No início da volta 2, Miyazono ultrapassou Kokubun na segunda posição, enquanto que metade dos participantes (os que tinham arrancado com os Michelins duros) encostaram às boxes, cumprindo assim o período obrigatório com os pneus mais lentos. Dos primeiros nove carros, apenas dois (Kokubun e Latkovski) permaneciam com pneus médios; todos os outros corriam com suaves.

Na volta 4, Kokubun, que se encontrava a ser prejudicado pelos pneus mais lentos, cedeu a posição a Yoshida, e de seguida a McEwen, que ultrapassou o líder por pontos japonês a 300 km/h na reta da meta e subiu ao quarto lugar. Depois de cair para sétimo, Latkovski fartou-se dos pneus médios e entrou nas boxes para instalar os suaves, regressando à pista em nono lugar. Duas voltas mais tarde, a australiana Emily Jones, que também corria com os Michelins suaves, acelerou por Kokubun e subiu para sexto.

Na volta 6, Kokubun entrou finalmente nas boxes, mas surpreendeu tudo e todos ao optar não pelos pneus suaves, mas sim pelos duros, planeando terminar as últimas vinte voltas com a borracha suave. Era uma estratégia arrojada, mas seria a mais certa? O piloto japonês regressou à pista em nono lugar, logo atrás de Latkovski, que se encontrava a ser retido por Calvin Tong, de Hong Kong.

Miyazono, em segundo lugar, fez a sua primeira paragem nas boxes na volta 9, optando novamente pelos pneus suaves, deixando os dois mais lentos para depois. O piloto regressou à pista em quarto lugar, atrás de McEwen e Yoshida. Uma volta mais tarde, Yamanaka, o líder da corrida, entrou nas boxes e instalou também os pneus suaves; contudo, não conseguiu retornar à pista à frente de Miyazono, e com McEwen também nas boxes, era Miyazono e Yamanaka em primeiro e segundo. Após algumas mudanças rápidas na classificação, McEwen, agora com pneus duros, deu por si em quarto lugar enquanto Latkovski subiu para quinto. No ponto intermédio da corrida, a classificação era liderada por Miyazono, Yamanaka, Yoshida, McEwen e Latkovski, por esta ordem.

Foi então que a catástrofe se abateu sobre McEwen, que recebeu uma penalização de 2,0 segundos no final da volta 13 por ignorar os separadores na faixa das boxes, o que o levou a cair uma posição para o oitavo lugar. Enquanto McEwen cumpria a penalização, Emily Jones exibia as suas fantásticas capacidades ao perseguir o compatriota Latkovski na tentativa de subir ao quarto lugar. Entretanto, os dois pilotos japoneses, Miyazono e Yamanaka, já haviam acumulado uma vantagem de quase 4,0 segundos sobre Yoshida no terceiro lugar.

A volta 16 registou um golpe devastador nas esperanças de vitória no campeonato de Latkovski, quando recebeu algumas penalizações por ignorar os separadores na faixa das boxes. Só restava ao australiano efetuar um resto de prova o mais rápido e limpo possível e rezar para terminar com pontos suficientes para avançar para a Final Mundial.

Miyazono decidiu cumprir o seu período obrigatório com os Michelins duros na volta 19, entregando a liderança a Yamanaka. Se Yamanaka conseguisse segurar a posição e manter-se à frente dos rivais, avançaria para a Final Mundial com uma vantagem de pontos confortável, mas ainda havia muita corrida por disputar. Na volta seguinte, Yamanaka entrou nas boxes e instalou os pneus médios, seguido por Miyazono, que esperava terminar a prova com esta borracha.

Na volta 21, Emily Jones subiu brevemente à liderança da corrida. Ainda lhe faltava uma visita às boxes, mas o facto de ter subido à liderança provou que uma mulher é capaz de ombrear com os homens nos FIA GT Championships. Infelizmente, Jones recebeu uma penalização e entregou a liderança a Yoshida, e duas voltas depois, Latkovski ultrapassou-a para subir ao sexto lugar, o que veio a provar ser muito importante para o australiano, que conquistaria assim o seu bilhete para a Final Mundial.

Os líderes Yamanaka e Yoshida efetuaram as suas últimas paragens nas boxes para trocar de pneus e reabastecer e regressaram à pista atrás de Miyazono. Foi então que Kokubun surgiu do nada e ultrapassou Yoshida na reta para chegar ao terceiro lugar. Mas ninguém seria capaz de apanhar Miyazono nesta corrida: o japonês cortou a meta em primeiro, aliando a capacidade de condução brilhante a que já nos habituou a uma fantástica estratégia nas boxes. Miyazono não precisava de fazer um único ponto para se qualificar para a Final Mundial, mas ainda assim acabou por vencer o título regional, mostrando que os verdadeiros campeões nunca tiram o pé do acelerador. Em segundo ficou Yamanaka, que por milagre se qualificou para a Final Mundial com 20 pontos depois de participar em apenas duas das três corridas. O terceiro lugar foi para Kokubun, que rematou assim o pódio japonês. Quanto a Latkovski, terminou num dececionante sexto lugar, mas conseguiu chegar à Final Mundial com 20 pontos na classificação geral.

Após a corrida, Miyazono disse: “Para ser sincero, a minha vitória hoje era uma incerteza, mas agora que terminou fiquei aliviado. Embora já estivesse qualificado automaticamente para a Final Mundial, senti que se ia participar na competição regional, precisava de vencer, não só por motivo de orgulho, mas porque os pontos a contar para a Final Mundial também são importantes.”

Nations Cup da Série de 2020 - Resultados da Final Regional (Ásia/Oceânia)